Arquitetura _ 09 dezembro _ por Mauro Ferreira

Vocação natural para o design de interiores

Referência em Campinas, a arquiteta Elaine Carvalho defende a suavidade das formas orgânicas e afirma que o design arredondado veio para ficar em 2024.

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Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, uma das maiores cidades do estado de São Paulo, Elaine Carvalho já virou referência na área de design de interiores na terra natal, onde coleciona prêmios em trajetória que já contabiliza mais de 20 anos. “Campinas é uma cidade grande que ainda preserva muitas características de cidade do interior”, situa a arquiteta. Embora siga em Campinas a linha mais cosmopolita da arquitetura paulista, pautada por tons neutros, Elaine Carvalho é fiel sobretudo à valorização da conexão com a natureza no prazeroso exercício cotidiano da profissão. “Tendências de 2023, os designs arredondados e as formas orgânicas vieram para ficar em 2024, trazendo suavidade, delicadeza, e proporcionando bastante conforto estético. Prezo a conexão com a natureza através do uso de cores e objetos naturais. E de uma iluminação natural. Cada vez mais, os ambientes estarão interligados e serão multifuncionais”, vislumbra a arquiteta. Na prática, a ideologia de Elaine Carvalho pode ficar em segundo plano em favor das preferências estéticas de quem busca os serviços da arquiteta. “A casa deve revelar a personalidade do cliente, refletir o gosto dele. A casa é do cliente. Sou bem maleável e sempre ouço o que ele quer”, relativiza Elaine, acrescentando que, sempre que possível, expõe obras de arte e objetos assinados para o cliente. “Às vezes, ainda é difícil inserir objetos de arte em Campinas. As lojas de decoração demoraram a se firmar na cidade”, revela. Elaine Carvalho é adepta do uso moderado de objetos, sejam ou não de arte. “Procuro usar poucos móveis e objetos, pensando sempre na simplicidade e na sofisticação. Adornos demais são desnecessários. A casa tem que ser um ambiente de aconchego”, prega a arquiteta, ressaltando que, quando seguem linha minimalista, os projetos ficam mais atemporais (“E isso me agrada bastante”). Dentro desse conceito de atemporalidade em conexão com a natureza, Elaine Carvalho recorre cotidianamente ao uso de pedras e madeiras em tons naturais, com base neutra e clean. “Uso poucos materiais. Um piso pode se estender por toda a casa”, exemplifica. “É muito mais difícil criar um ambiente simples e elegante do que um ambiente cheio de coisas”, compara Elaine, que faz uso de móveis mais resistentes quando trabalha em áreas comuns. Ciente de que a globalização do mundo também se reflete na evolução da arquitetura, Elaine confere tendências em viagens pelo mundo. “O Brasil está sempre atualizado com o mercado externo. Gosto mais dos designs dos italianos. Eles são os mais influentes nas tendências de mobiliário e decoração. Gosto também do estilo escandinavo pela leveza”, pondera a arquiteta, que acaba de finalizar o projeto de uma casa de campo, de alguns apartamentos e já trabalha na ambientação de áreas comuns de condomínios para 2024. O calor humano pesa muito na balança da arquiteta. “A gente percebeu que a casa é nosso refúgio. Fico feliz quando um cliente me procura para fazer um segundo ou terceiro projeto. Ou quando vem por indicação de outro cliente. Ou quando um cliente me indica para algum amigo ou parente. É uma sensação de dever cumprido”, celebra.