Gustavo Penna: Arquitetura é plural
Do alto de marcantes cinco décadas de trabalho, o mineiro Gustavo Penna é um dos grandes nomes da arquitetura brasileira contemporânea. “Arquitetura é uma coisa plural. Gente nunca é singular, gente sempre é plural.”

Humanista desde sempre, o arquiteto mineiro Gustavo Penna é direto em suas definições: “Arquitetura não é luxo… é artigo de primeira necessidade… é inteligência e transcendência”. Ocupando com seu escritório GPA&A, junto a 33 profissionais multidisciplinares, a antiga e grande casa branca da família no centro de Belo Horizonte (erguida seis anos antes da cidade nascer em 1897), Gustavo cria ali projetos institucionais, públicos e privados de média e alta complexidade desde que se formou na FAU/UFMG. É mais que reconhecido e querido neste estado que os próprios cidadãos amam, assim como admiram sua cultura, arquitetura e suas montanhas, “com as forças que as deixam em pé”, diz Gustavo, aos 73 anos. A casa é o templo de sua arte, visitada por ícones internacionais como os arquitetos do Saana japonês, pelo americano Richard Mayer e o português Álvaro Siza, além dos brasileiríssimos Sergio Bernardes e Jaime Lerner, por exemplo. Admirador confesso de Oscar Niemeyer, Gustavo, este filho de um dos construtores de Brasília, faz uma arquitetura com identidade brasileira, posterior ao estilo Barroco trazido de fora, e em continuidade ao Modernismo aqui desenvolvido com excelência “devido a demandas de um Gustavo Capanema”, e que “ouve a cidade e com ela se identifica”. Difícil, no entanto, é selecionar suas obras mais bonitas e emblemáticas, mas vamos lá… com seu trabalho retratado em sete livros até agora, destacam-se a Escola Guignard da UEMG; o Memorial da Imigração Japonesa, no Parque da Pampulha, também em BH; O Monumento à Liberdade de Imprensa, inacabado desde 1992 em Brasília; o Museu de Congonhas, que com sua luz dialoga com a arquitetura colonial e a obra de Aleijadinho; a premiada sede do Carmo Coffees, no interior de Minas; o SESI Lab, hub de Ciência e Tecnologia, em Brasília; e o mais emocionante para seu autor: o Memorial Brumadinho, em homenagem às vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho. “O escritório tem um caráter de ateliê e não de uma empresa”, afirma o arquiteto, capaz de encarar com a mesma alegria o projeto de uma estação de TV ou de uma destilaria, uma vinícola, uma praça: “brinco dizendo que sou um clínico geral”. E assim Gustavo vai desbravando outros mundos, e tendo novas ideias e visões. Como para a sede do Banco Inter, primeiro prédio sustentável de MG; a Escola Fundação Zerrenner da Ambev; a Universidade Federal de Itajubá, Campus de Itabira, com mais de 90.000 m², em andamento; o espaço popular de socialização e cidadania em Contagem; a Academia Mineira de Letras, em BH, que conversa com a arquitetura italiana de Luiz Signorelli, revelando um diálogo de tempos. A participação nas Bienais de São Paulo, Buenos Aires e de Veneza também entram no rol de atividades paralelas de Penna, cujo trabalho já foi publicado por inúmeras revistas e livros internacionais, como a celebrada editora Taschen, e as revistas Architectural Digest, Interior Design, Abitare, IW, além de muitas outras. Para ouvir agora as palavras firmes, porém doces e sábias de Gustavo Penna, assista os vídeos com imagens captadas e editadas in loco por Ilana Bessler para a Flo Magazine. Entrevista, captação de imagens e edição: Ilana Bessler (@habitado.projeto).