Alex Hanazaki: jardins para emocionar e ativar os sentidos
A paisagem de sua carreira foi moldada pelo acaso. Hoje, aos 49 anos, com 26 de profissão, ele é um dos arquitetos paisagistas mais renomados do Brasil, com um trabalho que vai além das fronteiras.
Crescer no interior do estado de São Paulo, em Presidente Prudente, poderia até sugerir uma afinidade natural com a criação de jardins que encantam o mundo. Mas, para Alex Hanazaki, a paisagem de sua carreira foi moldada pelo acaso. Hoje, aos 49 anos, com 26 de profissão, ele é um dos arquitetos paisagistas mais renomados do Brasil, com um trabalho que vai além das fronteiras. Tudo começou com sua percepção aguçada sobre o cenário da arquitetura da época. “Quando comecei a estagiar, fui atrás de toda oportunidade possível. Trabalhei com interiores, marmoraria, uma série de áreas. Notei que havia uma demanda crescente por paisagismo, mas poucos se dedicavam a isso. Fiz um dos poucos cursos disponíveis no Brasil”, relembra. Desde cedo, Hanazaki desejava ser reconhecido na profissão. Essa vontade de vencer o levou a identificar o potencial do paisagismo como um campo fértil. O turning point veio ao projetar um jardim em um condomínio no Guarujá, que abriu portas inesperadas. O cliente ficou feliz e o indicou aos amigos. “Em um ano já estava com 14 projetos lá”, comenta. Com o escritório em plena expansão, hoje ele comanda uma equipe de 30 pessoas em uma sede nova, nos Jardins, São Paulo. Seus primeiros reconhecimentos vieram com prêmios que incluíam viagens e até um carro, além da visibilidade em grandes jornais. Em 2002, passou a ser procurado por arquitetos que admirava, como Sig Bergamin e João Armentano. “Eu era um jovem fascinado, mas soube aproveitar as chances que surgiram”, reflete. A herança oriental de Hanazaki molda os princípios que definem seu trabalho: resiliência, disciplina e compromisso. A estética japonesa também faz parte do DNA de seus projetos, com a valorização dos espaços vazios, da pureza e da simplicidade. Mas ele não se prende a uma fórmula ou a suas raízes. Chegou a evitá-las no começo, fazendo jardins tropicais. “Gosto de subverter a minha própria linguagem. A beleza tem um poder de impacto, e eu gosto de lapidar o que é belo”, diz. Foi em 2014 que o nome de Alex Hanazaki se consolidou internacionalmente, ao receber o prestigiado Prêmio ASLA (American Society of Landscape Architects). “Rompi as fronteiras do Brasil e fiz jardins nos Estados Unidos, África, Emirados Árabes, Portugal, China e na Alemanha, com uma praça que foi um ponto de virada na minha carreira”, conta. Para Hanazaki, a perfeição no jardim é uma utopia — assim como a natureza, é na imperfeição que reside a verdadeira beleza. Mas ele acredita que há elementos que aproximam o jardim desse ideal: “Precisa emocionar, ativar os sentidos, convidar à contemplação. Nunca projetei algo para ser ignorado”, conclui. O arquiteto paisagista lembra que jardins são organismos vivos, que exigem cuidados do começo ao fim da vida. Seu desafio atual é fazer com que os clientes entendam o valor de respeitar o ambiente. “Certa vez, recebi uma ligação de uma reclamando que os passarinhos estavam vindo por causa das plantas. Eu sempre ouço, mas é importante trazer as verdades”, ri.