Artes _ 15 maio _ por Silvana Maria Rosso

Henreaux, a arte de valorizar o mármore

A Henraux tem sua história ligada ao mármore do Monte Altíssimo, na Toscana, desde 1517, quando Michelangelo Buonarroti explorou essa região italiana e identificou seus depósitos de alta qualidade.

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Nos anos 1960, a Henraux se consolidou como um centro de excelência na escultura contemporânea, colaborando com artistas como Henry Moore e Joan Miró. Desde 2011, a Fundação Henraux preserva esse legado e incentiva novos talentos. Isso porque, após um período de declínio, a extração de mármore havia sido revitalizada em 1821 por Jean Baptiste Alexandre Henraux e Marco Borrini, tornando-se referência para escultores renomados. Proprietária de pedreiras no Altíssimo e de uma estrutura localizada em Querceta, vila limítrofe a Pietrasanta, a empresa exporta mármore para o mundo todo, colabora com renomados arquitetos e mantém um ateliê de escultura de prestígio. Nesse espaço, artistas como Tony Cragg, Mimmo Paladino e Fabio Viale criam suas obras com o suporte de talentosos artesãos. Além disso, a empresa conta com uma linha exclusiva voltada para o design. SÍMBOLO DA PAZ Paolo Carli, presidente da Henraux desde 2003, tem o mármore no sangue. Crescido em uma família tradicional do setor, ele vê o material não apenas como um elemento de construção, mas como um verdadeiro símbolo de paz. Ao longo da história, o mármore uniu culturas e religiões, dando forma a edifícios icônicos e obras de arte que transcendem fronteiras. “Cada piso, revestimento, tampo de móvel, objeto de design ou escultura carrega consigo uma história milenar”, destaca Carli. O mármore não é só pedra - é memória, arte e conexão. Até o século XIX, arquitetura e arte eram inseparáveis, e a empresa italiana Henraux sempre esteve no centro dessa tradição. Com a França como um de seus principais mercados, a marca se conectou a grandes artistas, como Auguste Rodin. O fundador Jean Baptiste Alexandre Henraux já usava a arte como chamariz para grandes obras arquitetônicas, como a abadia de Santo Isaac, em São Petersburgo, em 1845. No século XX, sob a família Cidonio, a empresa se tornou um laboratório de arte contemporânea, criando um importante acervo. Henry Moore foi o primeiro de muitos a esculpir o mármore do Altíssimo, seguido por Isamu Noguchi, Joan Miró e outros mestres. Em 2011, sob a gestão de Paolo Carli, nasceu a Fundação Henraux, dedicada a preservar o patrimônio cultural da região da Versília e promover a escultura. Parcerias com a Fundação Furla e GAMeC resultam em exposições e no Prêmio Internacional de Escultura Henraux, revelando novos talentos. DA ARTE AO DESIGN Ao longo de sua história, a Henraux tem sido protagonista no desenvolvimento tecnológico da indústria de rochas ornamentais e no progresso das comunidades da Versília, Itália. Seus mármores, exportados para os cinco continentes, foram utilizados em edifícios icônicos, arranha-céus e locais de culto, representando a excelência do Made in Italy no setor lapídeo. A empresa forneceu materiais para obras históricas, como a Catedral de Santo Isaac, em São Petersburgo, a Abadia de Montecassino e o piso policromado da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Nos últimos anos, consolidou sua presença em projetos arquitetônicos de prestígio internacional, colaborando com grandes escritórios para a construção de edifícios emblemáticos em Nova York, Londres, Dubai, Abu Dhabi e Hong Kong. Sob a gestão de Paolo Carli, entre suas contribuições mais notáveis estão o Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, com Perkins Eastman Architects. Nos Emirados Árabes, participou da ampliação da Grande Mesquita de Abu Dhabi, com Studio Spatium e os arquitetos Carmellini-Magnoli. Em Londres, colaborou com David Chipperfield Architects na instalação em mármore diante dos armazéns Selfridges e com Citterio-Viel & Partners no Bulgari Hotel. A Henraux não se limita à arquitetura: expandiu sua atuação para o design, adquirindo a marca Luce di Carrara e desenvolvendo peças exclusivas. Um exemplo notável é a icônica estante projetada por Marco Casamonti para a Adega Antinori, em Florença, reinterpretada em mármore. Com um compromisso sustentável, a Henraux valoriza cada fragmento extraído, transformando até os menores blocos em objetos sofisticados, como pratos, bandejas e esculturas. Na foto de abertura, "Mulher-paisagem", do franco-alemão Hans Peter Arp (1966).