Do real ao futurístico: o universo do escritório dinamarquês BIG
Desde 2008 no estúdio Bjarke Ingels Groupt, o arquiteto português João Albuquerque reflete a essência da filosofia BIG: imaginar o futuro sem medo de desafiar os limites do presente.
Poucos nomes da arquitetura contemporânea são tão promissores e multifacetados quanto João Albuquerque. Arquiteto português e peça-chave dentro do renomado BIG – Bjarke Ingels Group -, João é hoje diretor de Design da unidade de Barcelona, onde lidera projetos de impacto global. Desde 2008 no estúdio, sua trajetória reflete a essência da filosofia BIG: imaginar o futuro sem medo de desafiar os limites do presente. Com uma sensibilidade rara para integrar tecnologia, paisagem e poética espacial, João conduz trabalhos que vão de masterplans urbanos visionários a habitats projetados para Marte. FLO Magazine conversou com ele durante a efervescente Semana do Design em Milão, onde ficou evidente sua presença estratégica dentro do coletivo fundado por Bjarke Ingels. Com sedes em cidades como Copenhague, Nova York e Barcelona, o BIG atua em múltiplas escalas, do detalhe ao planetário — e João é uma das mentes que traduzem essas utopias em arquitetura concreta. Sua atuação reafirma o espírito do BIG: uma arquitetura que é narrativa, provocadora e orientada por ideias. Cada projeto em que está envolvido parece um novo capítulo de uma história que mistura engenhosidade e imaginação para desenhar o futuro. De acordo com João Albuquerque, a sustentabilidade é uma responsabilidade fundamental do ofício de arquiteto. Durante entrevista realizada na grande mostra Cre-Action, organizado pela revista Interni, ele destacou que, em qualquer escala de projeto, o ponto de partida do escritório passa sempre por uma análise profunda do contexto: clima, território, programa e impactos sociais. Essa abordagem integrada busca garantir que cada solução arquitetônica contribua para um futuro mais consciente. No portfólio do escritório, há exemplos concretos que demonstram como a arquitetura pode contribuir para preservar o planeta e seus habitantes. Para o BIG, sustentabilidade vai além de materiais: é sobre consciência em cada decisão de projeto. “A arquitetura hedonista é a espinha dorsal do que fazemos. Acreditamos que é possível criar espaços sustentáveis que também celebrem a vida”, afirma o arquiteto, ao defender que edifícios devem ser plataformas flexíveis, capazes de acolher diferentes usos e proporcionar experiências inesperadas. Um simples encontro pode se transformar em premissa de um projeto. Para João, a arquitetura pode — e deve — ser sustentável e generosa. Ao mesmo tempo. Muito além de edifícios isolados, o representante do BIG enxerga no urbanismo uma ferramenta poderosa de transformação. Segundo ele, pensar cidades é pensar como queremos viver. “A uma escala de planejamento urbano, podemos agir sobre mobilidade, energia, água, resíduos — é onde a arquitetura realmente impacta o modo de vida. O urbanismo se torna ativo e fundamental — quando nos permite viver melhor, com mais equilíbrio e menos desperdício.” Menos deslocamentos, mais qualidade de vida: é assim que o urbanismo pode ser generoso. PRIORIZAR A CONVIVÊNCIA A habitação é a forma mais essencial da arquitetura — e uma das mais potentes para transformar a vida das pessoas. Foi com ela que o BIG iniciou sua trajetória, com projetos marcantes. Todos demonstram que, mesmo com o mesmo custo de construção, é possível redesenhar não apenas edifícios, mas a maneira como se vive. Mais do que soluções formais, os projetos do escritório oferecem novas possibilidades de convivência — provando que a arquitetura pode ser tão democrática quanto visionária. Quando o edifício vira comunidade, a arquitetura cumpre seu papel mais humano.