Juliana Martins: o prazer de estar em cena
A primeira mocinha da novela adolescente “Malhação”, estreada pela TV Globo em 1995, saboreia o prazer de ser mulher e de estar no palco para falar de temas que, acredita, muita gente está interessada em ouvir.

Atriz e produtora teatral, Juliana Martins relaciona os momentos da vida às escolhas das personagens que optou por interpretar em cena. Monólogo encenado pela artista desde 2020, “O prazer é todo nosso” está sintonizado com a maior liberdade sexual experimentada por Juliana após os 40 anos em decorrência do fim de um casamento de quase 20. Se a separação conjugal gerou na atriz a vontade de encenar no teatro a peça “Cenas de um casamento” (2016), levando para os palcos o texto escrito e dirigido pelo cineasta sueco Ingmar Bergman (1918 – 2007) para ser apresentado na televisão em 1973, há 50 anos, a vivência mais plena do prazer sexual levou Juliana a se identificar com o monólogo escrito por Beto Brown e encenado pela atriz sob a batuta de outra mulher, Bel Kutner. Aos 49 anos, em cena desde os 11 e com feitos curriculares como o de ter sido a primeira mocinha da novela adolescente “Malhação”, estreada pela TV Globo em 1995, Juliana Martins saboreia o prazer de ser mulher e de estar no palco para falar de temas que, acredita, muita gente está interessada em ouvir. “O artista tem que conservar o brilho nos olhos, a jovialidade de espírito”, receita a atriz. Para preservar a vitalidade artística e a plena satisfação de estar em cena, a atriz se tornou produtora a partir de 2004, atuando em espetáculos que a própria Juliana idealizou e decidiu materializar. É o caso da peça “Eu te amo”, adaptação para o teatro do texto do cineasta e roteirista Arnaldo Jabor (1940 – 2022), interpretado pela artista com o ator Sérgio Marone em espetáculo que estreou há mais de uma década e que ainda tem sido encenado por Juliana neste ano de 2023 paralelamente a trajetória do monólogo “O prazer é todo nosso”. “Ser produtora me fez ser uma artista melhor. A profissão te faz entender todo o processo artístico”, ressalta a atriz polivalente. O brilho nos olhos de Juliana Martins também vem do fato de a atriz ter começado a estudar. Juliana cursa Bacharelado em Teatro na Casa de Arte de Laranjeiras (CAL), famosa escola de profissionais de teatro da cidade do Rio de Janeiro. Com o estudo, a atriz espera honrar o significado original do verbo interpretar na língua inglesa – "to play", brincar em bom português – e conseguir a proeza de pisar no palco com a inocência de uma criança. Atriz que entrou em cena na transição da infância para a adolescência, para viver aos 11 anos a personagem Cuca na novela “A gata comeu” (1985), Juliana Martins sabe que isso é difícil porque o mundo adulto dinamita a inocência das crianças. Mas ela tenta, com o mesmo prazer com que fala de sexo no palco, reverberando a voz de uma mulher vitoriosa para outras mulheres. O gozo é do público, mas sobretudo da própria Juliana Martins, já senhora de si.