Design _ 13 abril _ por Silvana Maria Rosso

Mandalaki: entre arte e tecnologia

Quatro designers industriais, com formação em economia, arte, arquitetura e design, formam o estúdio-empresa que projeta carros elétricos, de celulares a microcasas modulares, de mobiliário a instalações de iluminação.

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A história do estúdio Mandalaki começou no Politécnico de Milão, quando os italianos Enrico De Lotto e Giovanni Senin se encontraram. Mas, foi em 2010, época em que Enrico e o grego George Kolliopoulos (Koli) frequentaram o máster de Design Industrial da Escola de Design do Politécnico de Milão, que a ideia de um estúdio foi impulsionada, por causa de um trabalho para o curso: o projeto da mesa Mandalaki. Sustentada por tubos que embutem a fiação do computador, o desenho da mesa lembra um pregador de roupas que, traduzido para o grego, língua mãe de Koli, é Mandalaki. “Quando temos que inventar um nome, geralmente, procuramos significados que gostamos em italiano e os traduzimos para outras línguas”, explica Enrico. A palavra agradou tanto que, em 2012, a empresa fundada pelo trio foi batizada de Mandalaki. Em 2013, o trio virou quarteto com a entrada de Davide Giovannardi. “Somos quatro designers industriais com formação em economia, arte, arquitetura e design, que se conheceram em diferentes fases da vida”, Enrico explica a composição do estúdio que, com os anos, se alargou, acolhendo outros colaboradores. Hoje, focado no design e na consultoria em desenvolvimento de produto, o coração do Mandalaki é o pequeno conjunto de escritórios em Vigentino, bairro emergente de Milão. A empresa explora a intersecção entre design e tecnologia, criando peças únicas de abordagem inovadora que passeia entre os processos industriais e artesanais. Seus projetos vão de carros elétricos, celulares a microcasas modulares, de mobiliário a instalações de iluminação. O estúdio começou com projetos ligados à tecnologia e à eletrônica, pois, em 2012, os primeiros integrantes vislumbraram no nicho maiores perspectivas de trabalho. A partir da tecnologia, Mandalaki lançou base para o desenvolvimento dos objetos produzidos hoje que aliam arte, ergonomia e funcionalidade. Em paralelo ao desenvolvimento de produtos tecnológicos, como smartphones, carregadores de celular, TVs, condicionadores, entre outros, os jovens integrantes do Mandalaki sempre gostaram de uma balada movida à música e com amigos por perto. A cada seis meses, organizavam uma festa no escritório, quando arriscavam a colocar em prática a experimentação artística por meio de instalações. Provando diferentes materiais, luzes, sons entre outros, em um desses anos, inventaram uma instalação de luzes que agradou tanto os convidados e deu origem ao projeto Halo, uma coleção de luminárias e expedições luminosas. O know-how em tecnologia permitiu ao estúdio de design e consultoria Mandalaki criar equipamentos compactos, eficientes e que geram efeitos impactantes. As luminárias usadas na instalação das festas do estúdio projetavam nas paredes e tetos mundos coloridos e vibrantes, graças à combinação de led, lentes e vidros. “Fazemos um tratamento nas lentes de modo a decompor a luz na graduação de cores que queremos. Nós partimos da luz branca e da luz branca vamos criar analogicamente nossas tonalidades, como na natureza, a exemplo do azul do céu”, informa Enrico. A partir das luminárias da festa, Mandalaki desenvolveu o primeiro protótipo, apresentando-o para Rossana Orlandi. A renomada galerista de Milão cedeu espaço para os designers exporem a invenção na mostra realizada na Semana do Design e assim foi lançado o Halo Project. O projeto completou cinco anos em 2023 e vem se ampliando com diferentes versões e cores. E abriu novas frentes para o grupo desenvolver não só outras linhas próprias, assim como produtos de iluminação. Na esteira das experiências artísticas, o grupo Mandalaki partiu para expedições luminosas. Daí nasceu o projeto Expeditions. Do que se trata? Além de baladeiros, os rapazes são aventureiros. Quando partem para suas viagens passaram a portar com eles as luminárias. A ideia é experimentar o efeito da luz colorida sobre diferentes superfícies da natureza, graças ao uso de um drone que permite sobrevoar locais inacessíveis em condições normais. As expedições são registradas em foto e vídeo e apresentadas por meio de exposições, mostras e pequenos documentários. Por outro lado, o resultado das experiências é recolhido e adotado no desenvolvimento de novos produtos para interiores. Entre os projetos inovadores do Mandalaki está a microcasa modular Monocabine, que nasceu também de uma necessidade do grupo. Em 2017, os “mandalakies” estavam em busca de um local para se reunir, trabalhar e se divertir na Ilha de Rodes, na Grécia. Na falta desse imóvel, acabaram criando a primeira Monocabine, que hoje é disponível também para quem quer ter uma vivência na ilha. Trata-se de uma casa pré-fabricada, modular e ecossustentável. O módulo mínimo tem 25 m2, com sala-cozinha, banheiro e quarto, podendo ser ampliada com a anexação de outros módulos. Eles vêm prontos e são montados em torno de sete dias. Um dos diferenciais da Monocabine é que, em vez de base de concreto, uma das opções, ela pode ser sustentada por pés reguláveis que se adaptam a qualquer tipo de terreno. “Monocabine é simples, feita de madeira. E todos os materiais são ecológicos. Não usamos plástico”, afirma. A ideia principal da Monocabine é democratizar o luxo e o conforto por meio de espaços reduzidos, seguindo a filosofia do grupo.