Marcel Wanders, o designer das grandes perguntas
Presença marcante e generosa; uma obra ousada e divertida, que emociona, provoca, polariza e surpreendente. O designer holandês Marcel Wanders acabou se tornando um star do design internacional.
Pela relevância de seu trabalho, a longa carreira do designer Marcel Wanders foi comemorada em alguns dos mais renomados museus de arte e design do mundo, como o Centre Pompidou, na França; o Museu Nacional de Design Cooper-Hewitt e o Museu Metropolitano de Arte, nos Estados Unidos; Museu Stedelijk, em Amsterdam, entre outros. Tudo começou em Boxtel, cidade em que nasceu na Holanda, ao frequentar o Arnhem Art Institute, onde iniciou seu experimentalismo artístico visionário. Em 1996, consolidou-se com a criação da Knotted Chair, que atualmente pertence ao acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York. Dali para frente sua carreira decolou. Em 2001, cofundou a bem-sucedida marca de design Moooi, da qual é proprietário e diretor criativo. Hoje, seu currículo, que abrange design de produtos e interiores, conta com mais de 1.900 experiências icônicas de produtos e design de interiores em todo o mundo para clientes particulares e marcas premium. Entre eles, estão Alessi, Aeroporto de Amsterdam, Audi, Baccarat, Bisazza, Christofle, Fendi Casa, Flos, KLM, Hyatt Hotels Corporation, LH&E Group, Louis Vuitton e Miramar Group. Durante a Milano Design Week 2024, quando a Moooi organiza o grande show para apresentar ao mercado lançamentos e os novos designers que colaboram com a marca, Wanders concedeu entrevista à FLO Magazine. Questionado como o sucesso chegou em sua vida, ele afirma que se esforça todos os dias para dar alguma contribuição ao mundo. Diz também que é regido por um elenco de dez perguntas. “Grandes perguntas levam a grandes respostas. Pequenas perguntas levam a pequenas respostas”, explica sua linha de pensamento. Wanders conta que o design era inevitável na sua vida. “Eu não saberia fazer outra coisa. E não sou uma pessoa para trabalhar em um emprego fixo”, confessa. Em mais de 35 anos de carreira, diz que se sente feliz em contribuir, ajudando as pessoas a entenderem a relevância do design. Para ele, a inspiração chega como uma espécie de luta com dragões, ou a conquista de oceanos. “É um fogo que arde dentro de mim”, diz. As revelações aparecem para Wanders por meio de perguntas que ele se faz sempre antes de iniciar qualquer projeto. Segundo o designer, as perguntas levam a respostas. E as respostas levam a soluções que ajudam as pessoas. A Moooi, estúdio de design o qual Wanders é proprietário e diretor criativo, funciona com a mesma lógica. “O que podemos fazer por você?”, pergunta aos profissionais que chegam até ele. Wanders alega que a Moooi gosta de trabalhar com jovens designers que tenham uma história para contar. Com esse critério já lançou muitos nomes, como Nikodem Szpunar, que este ano assina a sua primeira coleção. “Nós tentamos levar os designers ao pódio, porque eles merecem”. A Milano Design Week é para Marcel Wanders o ano novo do design. A celebração de tudo o que aconteceu durante o ano. O momento de encontrar os amigos e brindar. E de mostrar as novidades. Na recente edição, a experiência imersiva “A Life Extraordinary” aconteceu no Salone dei Tessuti, em qu ele lançou o conceito “Living Room”. A inspiração veio de Thomas Edison que inventou a iluminação para resolver o problema da escuridão, das velas que se apagavam com o vento e das lamparinas que incendiavam as casas. Wanders destaca que Edison tornou a luz controlável e os técnicos a tornaram cada vez mais controlável. Uma iluminação estéril, quase morta. “Uma estratégia que norteia meu trabalho é achar o que se perdeu. O que Edison não conseguiu ver? Eu consigo ver a sua dor pela luz natural”, explica como chegou ao conceito de uma casa mais viva e que se comporte como os movimentos da natureza. Pela primeira vez, Moooi não focou nos produtos, mas na iluminação, demonstrando que é possível ter uma casa que vibre e se movimente. Uma casa que aguce nossos sentidos e nos faça arrepiar. O designer mostra-se positivo com relação ao futuro do design. Mas, para ele, é preciso encontrar uma maneira de as pessoas voltarem para o mundo analógico e usar os sentidos. O futuro do design é criar produtos que as pessoas desejem tanto usá-los e nem pensem em reciclar. Para Wanders, não basta um lindo produto “A relevância vem da resolução de problemas e há muitos deles.” -