Metro Arquitetos: futuro sustentável com base nas estruturas do presente e do passado
Com a apresentação em 2025 da expansão do Masp, prevista para março, a dupla formada por Martin Corullon e Gustavo Cedroni põe em prática a tese do urbanismo conectado com a sustentabilidade.
Citando versos de “Sampa”, a canção de 1978 em que Caetano Veloso declara amor à cidade de São Paulo, os arquitetos e urbanistas Martin Corullon e Gustavo Cedroni enxergam poesia concreta nas esquinas e edifícios da maior metrópole do Brasil. É nesse cenário cinza que a dupla do conceituado escritório Metro Arquitetos Associados injeta cores vivas, projeta confortáveis modos de habitação e expõe uma visão de urbanismo sustentável. “O futuro vai estar ligado à sustentabilidade com o uso e aproveitamento de materiais renováveis”, sentencia Gustavo Cedroni, sócio de Martin Corullon desde 2007 no escritório Metro Arquitetos, onde ingressou em 2002. “Mas tem uma coisa mais importante e urgente nesse cenário atual que é o estilo de vida. Ou a gente faz alguma coisa agora ou o planeta Terra acaba definitivamente”, projeta e alerta Cedroni, arquiteto e urbanista formado pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Mestre pela faculdade de arquitetura e urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) e fundador do escritório Metro Arquitetos, Martin Corullon se afina com o sócio na ideologia sustentável que move a empresa atuante sobretudo em São Paulo, mas também com projetos já desenvolvidos em cidades como Recife (PE) e Miami (EUA). “Sustentabilidade é algo além da construção do edifício, do objeto isolado. É pensar na dimensão coletiva de tudo isso. É entender como um edifício se insere no urbanismo da cidade. É aproveitar estruturas”, ensina Martin Corullon. De 2022 a 2024, Corullon pôs mais uma vez em prática a tese que defende no cotidiano profissional da Metro Arquitetos. A empresa assina o projeto da expansão do Museu de Artes de São Paulo Assis Chateaubriand, conhecido como Masp pelo povo paulistano. A inauguração do anexo do Masp está prevista para março de 2025. Batizado de Pietro Maria Bardi, em tributo póstumo ao jornalista e colecionador de obras de arte (falecido em 1999) que ocupou o cargo de diretor artístico do Masp por 45 anos, o anexo da instituição foi construído em empreitada que envolveu a remodelação do esqueleto do edifício original Dumont Adams, cuja estrutura foi aproveitada. Concluído em 1958, esse edifício foi doado em 2006 ao Masp, cujo projeto de expansão conta com a Metro Arquitetos desde o início, em 2014. “Hoje o caminho – não somente para São Paulo, mas enfim para um modo de construir, um modo de viver, de habitar o planeta – passa por usar o que se tem, por transformar o que se tem. E por ocupar. Outra ideia importante é a ideia de ocupação. A gente tem uma riqueza já instalada. E que vem se transformando ao longo dos tempos. É preciso potencializar e transformar numa virtude essa ideia de transformação permanente da cidade”, defende Martin Curollon. Citando novamente os versos escritos por Caetano Veloso para a letra da canção “Sampa”, Martin Curollon e Gustavo Cedroni trabalham diariamente para transformar em realidade o “sonho feliz de cidade” em ofício permeado pelo afeto. “A gente tem uma ligação muito grande com São Paulo, a cidade onde a gente vive e trabalha”, reitera Martin. “E a história de São Paulo é a história da transformação, inclusive numa velocidade muito grande. A cidade foi da taipa ao concreto em menos de 200 anos”. Tanto na teoria como na prática, a Metro Arquitetos Associados tem projetado um futuro sustentável quando o escritório é acionado para orquestrar obras e projetos para empresas e instituições do porte do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (Ita), Fundação Bienal de São Paulo, Natura, Itaú, MASP, CSN, Accor, Gol, Nestlé e Votorantim. “A gente tem que pensar que, daqui a 50 anos, 100 anos, outros arquitetos deverão poder usar as estruturas que a gente cria hoje”, projeta Gustavo Cedroni, que defende uma habitação com serviços na área térrea dos edifícios e um estilo de vida saudável que inclui deslocamentos a pé em pequenas distâncias. Com base nas estruturas do presente e do passado, os arquitetos e urbanistas projetam um futuro menos cinzento para São Paulo e, por consequência, para o Brasil e para o planeta Terra. É por isso que, a cada dia, alguma coisa acontece nos corações de Martin Corullon e Gustavo Cedroni quando eles cruzam as esquinas, ruas e avenidas de São Paulo, cidade-motor do trabalho da dupla na direção da sustentabilidade.