Arquitetura _ 27 agosto _ por Silvana Maria Rosso

Paola Navone: um jeito radical, eclético e inovador de projetar

Andarilha e curiosa, a arquiteta italiana Paola Navone é reconhecida por seu estilo eclético e inovador, moldado por suas viagens pelo mundo. Sua tese virou livro: "Arquitetura Radical"

Capa da publicação em destaque

Nascida em Turim, Paola Navone formou-se em Arquitetura em 1973. Sua tese, que explorava novos modos de projetar, virou o livro "Arquitetura Radical", publicado pela revista Casabella. Nos anos 1980, começou a colaborar com marcas renomadas como Alessi, Armani Casa, Swarovski e Cappellini. Hoje, coleciona em seu currículo nomes como Swatch, Baxter, Fontanarte e Driade. No design de interiores, transforma espaços comerciais, hotéis, restaurantes e residências com sua abordagem lúdica e colorida. Exemplos notáveis incluem o McDonald's Austerlitz, em Paris, e o restaurante Candlenut, em Singapura. Navone morou na Ásia nas décadas de 1980 e 1990, e essas influências são visíveis em seus projetos, caracterizados por uma mistura de elementos ocidentais e orientais, uso criativo de cores e uma abordagem artesanal. Em 2000, estabeleceu seu estúdio Otto Fish em Milão, mas continua viajando pelo mundo. A piemontesa Paola é o retrato de uma geração inquieta, irônica e revolucionária. Contemporânea e original, com seu modo de se vestir e de pintar os cabelos, ela é livre e múltipla no projetar, não segue escolas nem adere a estilos. Descoberta por Alessandro Mendini, editor da revista Casabella, ela mudou-se para Milão, onde se envolveu com o Studio Alchimia, crucial para a disseminação do design pós-moderno. Com os grupos radicais, buscou uma arquitetura que contribuísse com o mundo, trazendo leveza, ironia e diversão. Influenciada por Mendini, ela aprendeu a valorizar a superfície tanto quanto a estrutura e a usar cores de forma livre, reconhecendo a importância dos objetos cotidianos na vida das pessoas. Navone continua a aplicar esses conceitos em seus projetos, que exaltam superfícies e são pontuados por objetos que contam uma história. Seu design é simples e agradável, criando formas amigáveis que se integram ao ambiente. Nesse movimento constante pelo mundo, coleta continuamente ideias. “É um trabalho de 24 horas por dia, 365 dias por ano. Quando chega o momento da análise, sou muito rápida em fazer a síntese do que preciso para desenhar algo, um objeto, uma casa, um cinema, um supermercado”, explica. Para ela, cada novo projeto desperta o desejo incessante de entender e criar algo novo. Paola Navone não fica só na simplicidade. Ela ama projetos complexos de arquitetura de interiores, que começam com uma ideia básica e se expandem em várias atividades, como o Hotel 25 Hours, em Florença, inspirado na "Divina Comédia". O desafio foi criar referências simples que todos pudessem reconhecer, mesmo os estrangeiros que nunca estudaram a obra de Dante. O projeto incorpora referências simples, acessíveis a todos, mesmo aqueles não familiarizados com a obra do maior poeta italiano. E põe em prática a ideia de reutilizar objetos e mobília, “algo que os clientes estão aceitando e que acho fascinante”, revela. Aos 75 anos, Paola Navone mantém o espírito desbravador, pronta para deixar Milão e explorar projetos internacionais. Sua habilidade de adaptar-se rapidamente a novos ambientes reflete seu amor por desafios. Não é por menos que seu estúdio se chama Otto Fish: Paola é um peixe fluido em busca da boa sorte, que vive mais tranquila em ambientes iluminados e de tons frios. Por isso a preferência pelo azul, presente em seu olhar penetrante, seus cabelos e seus projetos.