Paolo Ferrarini: O que esperar da moda?

A série de entrevistas inicia com Paolo Ferrarini (foto acima), jornalista, curador e professor da Accademia Costume & Moda. Ele fala sobre o cenário atual da moda e traz o resultado ilustrado pelos looks primavera-verão 2025. Para Ferrarini, a moda é uma forma poderosa de expressão pessoal e artística, comunicando quem somos e nossos valores. Diante da diversidade de estilos no mercado, ele observa que o luxo deve conter conteúdos profundos, histórias que relatem uma tradição, uma raridade etc. “Se não há esse conteúdo de cultura, de história, e até de uma certa loucura, então não é o verdadeiro luxo”, garante. Um ponto de destaque do mercado da moda é a "dança das cadeiras" dos novos diretores criativos. Grandes expectativas envolveram nomes como Alessandro Michele e Sabato de Sarno, que trouxeram frescor às marcas Valentino e Gucci. - A moda vai além da proteção; é uma poderosa forma de expressão. “Através das escolhas que fazemos, comunicamos nossa visão sobre o meio ambiente, política e vida”, afirma o professor da Accademia Costume & Moda. Segundo ele, os desfiles ainda são relevantes para as marcas contarem suas histórias, mas não são mais o principal veículo de divulgação. Na era digital, os desfiles não determinam a escolha do consumidor. Hoje ele tira inspiração através das redes sociais. O professor destaca que a sustentabilidade na moda vai muito além da questão ambiental, tornando-se uma exigência das novas gerações. “Durabilidade é a chave para a moda sustentável: quanto mais um item dura, menos precisamos produzir", afirma, completando que a solução, mesmo para o fast fashion, está em garantir que as peças sejam usadas por longos períodos. Um exemplo inspirador foi o desfile do eBay, que apresentou roupas de marcas usadas durante as semanas de moda em Londres e Nova York, com o intuito de incentivar o reuso. Para Ferrarini, o cenário atual da moda lembra o futebol, com constantes trocas de diretores criativos, as novas estrelas das passarelas. A atenção está voltada para esses nomes, que precisam equilibrar suas visões pessoais com a identidade das marcas. Alessandro Michele, por exemplo, traz expectativa à Valentino após seu sucesso na Gucci, onde na sua gestão provavelmente resgatará as cores e a exuberância originárias da grife. Nesse desfile, como previu, Michele mergulhou nos arquivos de Valentino Garavani e o reinterpretou a seu modo, trazendo uma coleção cheia de histórias e atemporal. Da mesma forma, Sabato De Sarno está reformulando a Gucci, recuperando sua identidade com um estilo mais essencial e definido, sem ser minimalista. Agora, o mercado aguarda o impacto dessas novas direções nas duas icônicas casas de moda.