Literatura _ 16 dezembro _ por Sérgio Zobaran

Paula Parisot: Uma contadora de histórias

Ela une pintura, desenho e vídeo, além das performances e especialmente a literatura -, que para ela começa pela escrita de seu primeiro livro, “A dama da solidão”, finalista do Prêmio Jabuti.

Capa da publicação em destaque

A artista visual e escritora Paula Parisot chega toda de preto para a entrevista na galeria Arte/Formatto, em São Paulo, com jeito completo de paulista, mas com total sotaque carioca, e só interrompe sua fala conosco para um rápido telefonema em espanhol perfeito enquanto conversa com o marido argentino, que está em Buenos Aires, onde o casal vive com os filhos dela do primeiro casamento. Paula é linda, chic, inteligente e simpática, e chama atenção à primeira vista porque foge completamente do estereótipo despojado-intelectual da sua categoria profissional. Por isso ninguém diz que essa jovem mulher elegante já ralou literalmente no chão em frente ao CCBB de São Paulo, em uma de suas primeiras performances… E quando começa a falar de sua arte interdisciplinar, então - afinal, Paula une pintura, desenho e vídeo, além das performances e especialmente a literatura -, que para ela começa pela escrita de seu primeiro livro, A dama da solidão, finalista do Prêmio Jabuti em 2007, seguido por outros dois títulos, Gonzos e Parafusos em 2010, e Partir em 2013, o discurso é denso e digno de quem é Mestre em Belas Artes pela The New School University, de Nova York, e já fez diversas exposições individuais, grandiosas e ousadas, que uniram suas diversas linguagens da arte - como na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio, e em Guadalajara, no México, ambas em 2014, além de ter participado da Bienalsur em Buenos Aires, em 2021. Leitora voraz com apreço pela literatura latino-americana, Paula diz: “junto tudo o que faço!”, e esta artista completa que aposta na combinação da arte da escrita com a visual afirma querer contar histórias da forma que for para além dos livros: através de um desenho, uma pintura, uma performance, claro, ou também um vídeo… e apostou nessa linha com a produção chamada Crucigramista (em espanhol, aquele que cria as famosas “palavras cruzadas”, o jogo), em parceria com a também artista visual Jessica Mitrani, colombiana, que foi ao ar na TV via o canal Arte1 em duas temporadas, e hoje pode ser vista no YouTube. Contando histórias sobre cerca de 40 temas em cada programa de 6 minutos, Paula reafirma que “uma história pode ser qualquer coisa, um conto, um romance, tudo tem a literatura por trás”. E assim encerra seu pensamento em depoimento exclusivo à FLO, antes de embarcar para a Europa para encontrar sua curadora, em busca de novos desafios para sua arte.