Studio Pescarella, laboratório de ideias e esculturas
A cidade toscana de Pietrasanta tem atraído escultores desde a Renascença. O mesmo aconteceu com Jaya Schuerch, Lotte Thuenker e Neal Barab, que vieram, respectivamente, da Suíça, Alemanha e Estados Unidos para vivenciar o mármore.

Jaya Schuerch, Lotte Thuenker e Neal Barab vieram da Suíça, Alemanha e Estados Unidos entre as décadas de 1980 e 1990 para trabalhar com o mármore de Pietrasanta. Unidos pela paixão pela escultura, tornaram-se grandes amigos e abriram um estúdio com outros artistas. No entanto, com o tempo, o espaço precisou ser fechado. Determinados a seguir criando juntos, em 2002 fundaram um novo ateliê, onde pudessem trabalhar e acolher escultores do mundo todo. Assim nasceu o Studio Pescarella. "Todos os escultores que trabalham em pedra querem ver e passar por Pietrasanta. Depois dessa experiência, muitos pensam em voltar ou ficar", afirma o californiano Neal Barab, um dos sócios do Studio Pescarella. Em Pietrasanta, a arte está por toda parte - nas ruas, nas galerias e, sobretudo, nos ateliês. A cidade atrai artistas do mundo todo, que ali fixam seus estúdios ou passam temporadas imersos no processo criativo. O Studio Pescarella nasceu dessa vocação artística. Fundado em 2002 por Jaya Schuerch, Lotte Thuenker e Neal, que transformaram uma antiga serraria de mármore em um laboratório internacional para escultores. Situado entre as pedreiras dos Alpes Apuanos, empresas de beneficiamento e oficinas de artesãos especializados, seu propósito sempre foi oferecer um ambiente cooperativo e criativo, equipado para produções de pequena e grande escala. Mais do que um ateliê para seus fundadores e artistas residentes, o Studio Pescarella acolhe escultores visitantes por períodos de um a seis meses, mantendo viva a conexão entre tradição e inovação na escultura. NEAL BARAB Formado em Belas Artes pela Universidade da Califórnia, o escultor Neal Barab iniciou sua trajetória artística trabalhando com bronze e ferro. Ao experimentar o alabastro, descobriu sua verdadeira paixão pela escultura em pedra, aprofundando-se na técnica e na expressão artística. Durante cinco anos, desenvolveu projetos para a cidade de Santa Cruz, até ouvir de um professor sobre Pietrasanta, um lugar na Toscana onde o mármore e a arte se encontram. Determinado, vendeu seu carro, juntou dinheiro e partiu para a Itália, onde já vive há mais de 35 anos. Em Pietrasanta, encontrou a combinação perfeita entre tradição, materiais e uma comunidade artística vibrante. Seu trabalho, que vai de peças monumentais a delicadas esculturas, já percorreu o mundo, com participações em simpósios na China, Alemanha, Israel, Holanda e Suécia, além de encomendas nos Estados Unidos, Reino Unido e Itália. "Sinto que estou no auge da minha criatividade e produtividade. Às vezes, paro no meio do trabalho e dou risada. A vida criativa é maravilhosa - mármore, a Itália, minha família e amigos. Agradeço a todos", expressa o artista. ESCULTURAS COM ALMA O escultor Neal Barab reflete sobre sua identidade artística: "Quanto mais tempo passo longe, mais percebo que tenho uma estética e uma mentalidade californianas." Sempre em evolução, ele explora diferentes fases e, atualmente, mergulha na criação de personagens, desenvolvendo até animações a partir das esculturas. Sem um prazo definido para concluir as obras, Neal trabalha simultaneamente em várias peças, alternando entre elas ao longo do dia. Seu processo criativo começa com a escultura e termina com a pintura, transformando materiais brutos em figuras expressivas. Para ele, cada pedra carrega um vocabulário próprio—texturas, contrastes e cores que criam profundidade e vida. "Quando sinto que a escultura pode viver sem mim, sei que está finalizada." ENTRE A MATÉRIA E O LÚDICO O trabalho de Barab desafia a fronteira entre diversão e seriedade, criando um instante suspenso entre o consciente e o autoconsciente. Sua arte mantém uma essência lúdica e vibrante. Cada peça carrega uma linguagem própria, enraizada na fusão de dois mundos: a Califórnia e a tradição escultórica da Itália. Seus elementos-chave são natureza, material e brincadeira, conectados por um fio dinâmico onde mármore, granito e pedra são tanto matéria-prima quanto conceito. O artista trabalha tanto com pedras locais quanto com materiais de diversas partes do mundo, graças à presença de importadores na região. Para projetos monumentais, escolhe pessoalmente os blocos na pedreira de Cervaiole, a mesma onde Michelangelo buscava suas pedras. Para ele, criar é uma necessidade inata: "Os artistas fazem porque devem fazer. Seu trabalho não busca explicações - ele existe para ser sentido.”