René Machado: Reconhecimento pleno ao trocar a publicidade pelas artes visuais
Ao fazer uma transição da publicidade para as artes visuais, o artista ganhou o reconhecimento de críticos, colecionadores e personalidades ligadas ao circuito artístico.

De um limão, uma limonada, como se diz. De uma banana, uma maçã, como fez o artista visual René Machado, cidadão do Rio de Janeiro que viralizou na rede e virou manchete no jornal O Globo. Esmiuçando a história: quando o artista italiano Maurizio Cattelan, que nunca estudou arte, lançou em 2019 sua obra Comedian — simplesmente uma banana presa à parede por uma fita adesiva prateada —, o mundo parou para ver alguém pagar 120 mil dólares pela peça! De forma ainda mais surpreendente, seu valor ultrapassou os 6 milhões de dólares na Sotheby’s, em 2024. Com seu timing preciso, no final do ano passado, René, que teve um aprendizado intensivo na EAV / Escola de Artes Visuais no Parque Lage, em sua cidade, criou automaticamente uma nova piada autoral em cima da primeira: pegou a única fruta na geladeira de seu ateliê, uma maçã, e fez igual ao colega europeu, ao prendê-la na parede também com a mesma fita, e fotografá-la, transformando a arte em um múltiplo impresso e emoldurado, e com uma frase ali escrita, contendo um dito popular: “Vendo maçã a preço de banana”. A sacada digna de um ex-publicitário esperto (leia-se inteligente e competente na profissão em que ocupou diversas posições, de ilustrador a dono por 23 de seus 54 anos) custa bem menos que a antiga obra na qual se inspirou. E valeu, pela graça, para dar início a uma entrevista animada para a FLO, nas lentes experientes do videomaker Felipe David Rodrigues, que registrou o artista em sua casa-ateliê em um dia de verão carioca. A CASA ARLETTE Entrar, no Rio, em um ateliê do (grande) porte da Casa Arlette, o nome da ex-proprietária que a construiu, mostra que o lugar não é para amadores ou iniciantes. Nos vídeos você vê que a casa de três andares, no bucólico — ao mesmo tempo que agitado — bairro da Gávea, contém o ateliê em si do artista no antigo living, e obras de arte espalhadas por todos os cômodos: halls, quartos e até banheiros e varandas transformados em espaços expositivos que a generosidade do anfitrião René estende aos colegas que ali podem expor seus trabalhos, de fotografia a pintura e por aí vai, o que traz um jeito democrático de galeria em dias de uma coletiva, ao mesmo tempo em que ele promove encontros de pessoas em tardes-noites de festas em torno da arte que parecem não querer acabar nunca. Mas este não é o primeiro ateliê de René. É o quarto, e sempre crescente. Primeiro foi em um apartamento de 60m2. Depois na Fábrica Bhering, celeiro de artistas, e na casa que posteriormente foi transformada em residência artística, a Casa Voa, também na Gávea como a Arlette, “um centro de produção artística”, arremata o artista. Neste mais recente, além das reuniões, é claro, o sempre simpático e intenso René pinta suas grandes telas neste momento em que prepara a mostra Explosão ao som e no ritmo da banda Led Zeppelin, regendo seus pincéis como um maestro, inspirado na exposição de Kandinsky com o mesmo título, que assistiu em Nova York, em 1994. A VIDA O artista, que tem obras no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, e em coleções importantes como a das famílias cariocas Fadel e Sattamini, além daquela do empresário italiano de moda Luciano Benetton, nasceu no subúrbio, começou a trabalhar aos 15 anos, foi de entregador de jornal a garçom, de ilustrador a dono de agências de propaganda, e tudo isso virou passado… No momento ele prepara mais uma exposição: a convite, nos Emirados Árabes, que abre em 31 de janeiro. “Estou sempre aprendendo”, diz René que, a propósito, é casado há vinte anos com a atriz Ingrid Guimarães. E para saber mais, continue conosco nos 4 vídeos que trazem muito mais dos pontos de vista e da fase atual da vida deste cara tão gente boa, e aclamado por quem entende do riscado, como a curadora e historiadora da arte Vanda Klabin…