Roberta Sudbrack: Um tal cheiro de ambrosia

Nascido em 2018, o restaurante carioca Sud, O Pássaro Verde - assim é o nome do lugar da chef Roberta Sudbrack, formado pela primeira silaba do seu sobrenome, mais a existência de um antigo morador dali, um passarinho que se aninhava na árvore do quintal -, esnoba o tradicional letreiro na fachada, e se garante pela excelência de sua comida, elaborada por esta cozinheira gaúcha que se tornou famosa especialmente por dois motivos: o fato de ter estado à frente dos fogões do Palácio do Planalto, em Brasília, por 7 anos, e o de ter posto um quiabo em pé! Roberta fala com segurança e afeto, esta palavra que permeia seu discurso firme e decidido, mas divertido. Para quem não nasceu cozinhando, como ela diz, mas aprendeu tudo de seu oficio com a avó, fato que destrincha em seu livro mais recente, “Um cheiro de ambrosia - Conversas com Vó Iracema”, Roberta explica porque abandonou o restaurante de alta gastronomia que teve por 12 anos, também no Rio, e que levava seu nome, por um muito mais simples, mas com a mesmíssima comida, sempre com ingredientes muito especiais, normalmente de pequenos produtores que ela prestigia. A essência da cozinha brasileira está ali, prestigiando a riqueza dos nossos alimentos e a liberdade dos chefs em seu preparo, e dos clientes para curtir e falar alto, dar gargalhadas - e neste ponto a chef se mostra uma cidadã local, quando até diz que todo brasileiro quer ser um pouco carioca. Como também é a sua decoração, bem à vontade em mesas de madeira sem toalhas, e com todas as cadeiras assinadas e produzidas por Sergio Rodrigues - um luxo, assim como a mesa maior, a única ovalada e de seis lugares no salão, e que veio diretamente da casa do arquiteto, que a presenteou à orgulhosa Roberta. “Liberdade, liberdade” é a expressão dominante nesta casa da moça animada que quer ainda aprender a ser cozinheira de forno e fogão, e experimentar todas as possibilidades dos alimentos - como fez com o quiabo: com ela o legume se apresenta em forma de caviar, uma sacada que lhe trouxe fama internacional. Nesses voos imaginários ou reais, Roberta Sudbrack se assemelha a uma ave que mantém como talismã: uma escultura de bronze de Alfredo Ceschiatti que a acompanha desde a longa temporada na nossa Capital Federal.