Arquitetura _ 28 agosto _ por Sérgio Zobaran

Romero Duarte: A universalidade de uma arquitetura raiz

Pernambuco está presente no trabalho do arquiteto, que não descarta as características regionais ao levar em conta a pluralidade da formação cultural nordestina em seus projetos com uma leitura internacional.

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Agradável é, no mínimo, o que se pode dizer de uma conversa sobre o décor com o arquiteto pernambucano Romero Duarte. Pois sua paixão pelo ofício se traduz em palavras de alguém que respirou o assunto desde sua mais tenra infância, cercada de maquetes e papel manteiga da irmã mais velha, Maria do Loreto, braço direito da grande dama da arquitetura brasileira Janete Costa (Garanhuns 1932/2008, Recife). “O nordestino tem raízes fortes na arquitetura”, diz Romero, também ele um adicto da ‘Escola de Janete’, essa talentosa arquiteta que influenciou toda uma geração de profissionais do nordeste brasileiro que valoriza, como ela fazia, a regionalidade enquanto forma de expressão universal em seu setor. Hoje, Romero dedica 80% de seu tempo a casas e apartamentos, mas nem sempre foi assim: o mercado imobiliário lhe encomendava anteriormente muitas áreas comuns de prédios e empreendimentos imobiliários, além das demandas de clínicas, hospitais, e de consultórios e escritórios. Mas ele continua projetando muitas áreas comuns de edifícios e condomínios. “Com a pandemia o mercado de forma geral cresceu, e para mim em outras direções, e se estendeu bastante para as casas de campo ou de praia, ou para os condomínios”. Pluralista, o arquiteto vibra entre estilos diversos, com predileção eclética: vai do Art Nouveau e Art Déco ao Modernismo e Pós-Modernismo: “bebo de muitas fontes, não me encaixo em rótulos, procuro soluções para todos os gostos”, diz ele, um garimpeiro irremediável e colecionador de peças de boa qualidade - de todos esses movimentos arquitetônicos e épocas. Acreditando que ainda nos faz falta a maior utilização da tecnologia na construção, ele reitera: “Recorro muito à mão de obra artesanal, misturando diferentes materiais como pedras e aço, por exemplo, para criar diferentes peças, originais e únicas, como um simples puxador”. Este é o espírito de Romero Duarte, um profissional experiente e reconhecido que aposta no design como a grande ferramenta atual - e daqui para o futuro. Mas que vê na madeira, uma paixão nacional, e nosso mais nobre material - “do pau-ferro à imbuia: esse é nosso maior resgate”. E o maior resgate que ele busca para a arquitetura é um “voltar às raízes”, o retorno a uma leitura de nossa memória afetiva, perene, mas que espelhasse nosso compromisso com o viver, de forma contemporânea e atemporal.