Artes _ 07 setembro _ por Mauro Ferreira

Sergio Marone: entre a vida artística e a militância ambiental

Em cena desde 2001, o ator e ativista paulistano estrela peça baseada em texto de Arnaldo Jabor, promove marca de cosméticos veganos e se aventura na produção cinematográfica.

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Sergio Marone encarna o protótipo do artista sustentável. Aos 43 anos, o ator, apresentador e empresário paulistano equilibra os compromissos da vida artística com o ativismo em defesa das causas ambientais. Na prática, isso significa que Marone se divide atualmente entre a turnê nacional da peça “Eu te amo” – na qual contracena com a atriz e produtora Juliana Martins nesta adaptação teatral do texto do cineasta e roteirista Arnaldo Jabor (1940 – 2022) – e os compromissos para a promoção e manutenção da marca do artista, Tukano, composta por produtos cosméticos de natureza vegana. A projeção do artista impulsiona o empresário. Ao se revelar “ecossexual”, Marone viu na repercussão midiática da declaração um marketing que qualifica de “natural” para propagar os produtos da Tukano. Contudo, o ativismo do artista é real e está além de qualquer estratégia mercadológica. “Sempre tive a consciência do quanto o contato com a natureza me faz bem. E o sistema nos afasta o tempo todo do que é essencial. Nós somos a natureza”, sentencia o ator ativista. Para seguidores de novelas, Sergio Passarella Marone sempre foi visto como uma maravilha da natureza humana desde que despontou na TV em 2001 como o enigmático paranormal Santiago, protetor de Cristal, personagem da cantora Sandy na novela exibida naquele ano pela Globo. Os músculos bem-torneados, distribuídos em 1,93m de altura, tornou o corpo de Marone um fetiche imediato para homens e mulheres. Ciente do magnetismo do ator, a emissora logo o escalou para um personagem na próxima novela das 21h, “O clone”, blockbuster exibido entre 2001 e 2002. Marone viveu Cecéu na trama de Gloria Perez que aliciou fãs além das fronteiras do Brasil. “Foi uma loucura ‘O clone’. Lembro que viajei para Nova York e dava autógrafos na Time Square”, ainda espanta-se o ator, decorridos mais de 20 anos do fenômeno. Sergio Marone seria o protagonista de outro fenômeno da teledramaturgia nacional entre março de 2015 e julho de 2016, período em que o ator deu vida ao faraó Ramsés na novela “Os dez mandamentos”, trama que inaugurou o segmento bíblico das novelas da TV Record com extraordinária adesão do público em todo o Brasil. “Os dez mandamentos’ representou uma mudança de paradigma na minha carreira. Viajei o mundo todo para promover a novela e era recebido nos aeroportos por duas, três mil pessoas”, recorda o artista, que chegou a ser apontado na época como “o galã da vez” por jornais e revistas. Na era das redes sociais, Sergio Marone ainda sustenta a fina estampa de galã enquanto propõe debates sobre causas ambientais. Já fez publicidade de marca de cueca e, entre um anúncio e outro, volta e meia posta fotos em que aparece em poses sensuais de sunga ou de toalha. E isso parece ser muito natural para um ator consciente da beleza sobressalente. A sensualidade do ator é um dos motes da peça “Eu te amo”. Idealizado e viabilizado por Juliana Martins, que vive a personagem Maria, o espetáculo está em cartaz há 14 anos. Nos últimos sete, Marone é o parceiro de Juliana em cena, dando vida ao personagem Paulo, sob a direção de Rosane Svartman, Lírio Ferreira e Léo Gama. Paulo e Maria marcam um encontro sexual e, a partir da conexão surgida na comunhão dos corpos, entram na pauta questões afetivas. “A peça fala de insegurança, medo de amar, tesão louco. São sentimentos desde sempre pertinentes à humanidade, o que torna o texto extremamente atual”, reflete Marone. No cinema, o ator seguiu os passos da colega Juliana Martins e debutou na produção sem deixar de atuar. O duplo ofício foi experimentado por Marone em “Jesus Kid” (2019), filme dirigido por Aly Muritiba e estrelado por Paulo Miklos com Marone no papel do pistoleiro que dá nome ao longa-metragem adaptado do romance de Lourenço Mutarelli. Tudo isso – produzir, trabalhar como ator, apresentar programa de auditórios, dar palestras, militar em favor do meio ambiente – parece fazer parte da natureza inquieta de Sergio Marone. Um artista que se sustenta e se equilibra em várias frentes de trabalho.