Vik Muniz: "Arte é experiência"
Aos 61 anos, Vik Muniz é o maior artista plástico brasileiro contemporâneo. Suas obras são reconhecidas de longe por uma forte identidade visual que traduz a constante utilização de novas mídias e dos materiais inusitados
O paulistano Vicente José de Oliveira Muniz, Vik Muniz, é o maior artista plástico brasileiro contemporâneo. Aos 61 anos, tem grande parte de suas obras reconhecidas de longe por uma forte identidade visual que traduz a constante utilização de novas mídias e dos materiais os mais diversos que vão do lixo ao chocolate, passando pelos diamantes, e até a fase mais recente, que utiliza o papel-moeda. Como assim? Ele explica sobre suas escolhas: “o verdadeiro material do artista é a experiência”. Raciocinando com agilidade e falando com facilidade alegre sobre seu trabalho, Vik diz que nunca joga uma ideia fora, e que trata com esmero cada um desses materiais, mesmo o dinheiro em cédulas picadas, por exemplo. “Tenho admiração por ele, e pelo que sobra dele, nosso grande tesouro nacional”. Assim elabora suas obras no estúdio, mas quando as dimensões delas excedem o tamanho de seu espaço, ele sai dali em busca das dimensões geográficas, indo até os céus para buscar seus pontos de vista da Terra, olhando e fotografando tudo lá de cima - sim, a câmera, já que também é fotógrafo, é sua grande aliada. Expositor irrefreável, e constantemente premiado no Brasil e fora, fica absolutamente impossível listar tanta atividade e os louvores relativos a seu sucesso. Mas pode-se dizer que este Embaixador da Boa Vontade pela UNESCO, que começou a expor em 1988, obteve notoriedade internacional imediata a partir da série Crianças de Açúcar, em 1996. O autor de mosaicos tão originais, e ambientalista ferrenho que admira e retrata nossas florestas, exaltando flora e fauna brasileiras com energia e respeito, obtém resultados pictóricos passíveis de diversas leituras: das mais básicas, por sua beleza e (im)perfeição, até as mais profundas, por conta de sua elaboração sobre a realidade. Para a FLO, Vik abriu as portas de seu ateliê, no Rio de Janeiro, para contar essa sua história que parte tantas vezes de mosaicos variados, passa pelas técnicas digitais e faz transparecer os materiais em suas novas vidas, em arte para ser admirada no todo e em detalhes pelo espectador atento - ou não.