Moda _ 14 julho _ por Sérgio Zobaran

Lino Villaventura: moda com exuberância e sofisticação

Entre os principais estilistas brasileiros, Lino Villaventura é dos mais inspirados e criativos. Muitas vezes suas peças são consideradas obras de arte, embora ele as classifique apenas como roupa para vestir.

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Era o ano de 1985. O jovem estilista paraense Lino Villaventura, radicado em Fortaleza, chegava pela primeira vez ao Rio — diretamente no Hotel Copacabana Palace, acompanhado de Inês, então sua mulher e até hoje sócia e maior companheira: “a pessoa mais importante da minha vida” — para apresentar suas criações no Theatro Municipal, palco nobre do badalado Prêmio MultiModa, da tecelagem Multifabril, nesta grande produção do evento que era chamado de “Oscar da moda brasileira”. Seu desfile foi um sucesso! E seu talento reconhecido em todo o Brasil. Ao completar 45 anos de carreira, Lino relembra pontos altos de sua linha do tempo. Em 1988, o Stedelijk Museum, de Amsterdã, arrematou um vídeo com o registro de suas criações. Em 89, com pouco mais de dez anos de carreira e já uma referência na moda nacional, foi convidado pelo Itamaraty para representar o Brasil em uma feira internacional em Osaka, no Japão, a World Trade Fashion. E foi o primeiro brasileiro que passou a vender muito por lá… Em 1995, seus trabalhos integraram a exposição Art to Wear – Lunst als Kleidung, na Alemanha. E Lino participou, ainda, da exposição A Arte do Brasil em Beirute, no Museu Sursoak, Líbano. Em 96, quando foi lançado o Morumbi Fashion Brasil, embrião da São Paulo Fashion Week, integrou a primeira turma que desfilou. Nesta trajetória, ele participa do São Paulo Fashion Week desde a primeira edição, e até hoje com muito sucesso. Lino produz as peças no Ceará e as vende em suas lojas Lino Villaventura em São Paulo e Fortaleza, fazendo ainda roupas sob encomenda — e hoje também as comercializa pelas redes sociais. Até dezembro deste ano, 14 peças do acervo de Lino, doadas por ele ao MAB, fazem parte da exposição A Poética do Fazer, neste museu da Fundação Armando Álvares Penteado / FAAP, em São Paulo. Para a FLO, em sua entrevista na bucólica loja em meio aos jardins de uma casa no Jardim América, em São Paulo, LV fala de seu trabalho autoral, feito à mão, e de seu estilo, de sua maneira de trabalhar os patchworks e os bordados, dos tecidos e das suas famosas nervuras, e afirma que não sabe fazer outra coisa além da roupa: “Dizem muitas vezes que é uma obra de arte. Mas não é! É (apenas, para ele) uma roupa para ser vestida!”. Confira no vídeo. Captação de imagens e edição: @habitado.projeto. Produção: Marley Galvão. Imagens do DVD "Bloco na rua", dirigido por Felipe Nepomuceno.